Abril, 07 – 17h
Dez minutos atrasado. Vou direto
à enfermaria. Café após água e W.C. “Chá de cadeira”.
A tarde estava agitada,
enfermeiros passavam constantemente no corredor para responder a convocações de
seus encarregados ou diretores.
Cada empregado que aguardava no
corredor tornava-se meu companheiro de “turno”. Vários chegaram, passaram e se
foram, atendidos ou não. Eu esperava enquanto repassava as perguntas para a
entrevista.
Ganhei uma revista da
recepcionista. Na capa, seu chefe. Corajoso lutador aponta o slogan. Nascem novas perguntas. Não ao filantropo,
mas ao empresário de um setor em batalha.
Uma hora e meia depois decido
cancelar. Aproxima-se meu horário de trabalho, e ainda precisava retirar as
fotos e as reprografias no laboratório.
Informo decisão e agenda é
remarcada para o dia seguinte, pela manhã, às onze. O chefe envia recado
pedindo para eu esperar, quer me cumprimentar. Provavelmente sente-se
incomodado pelas três últimas reuniões terem sido canceladas e talvez queira se
desculpar. Eu havia perdido 5 longas horas de espera alternada. Muita gentileza
de sua parte. Homem de respeito!
Enquanto o aguardo encontro a
outra chefe, a de número quatro: “Tenho lugar para você, topa?”. Proponho
reunião para conversar, saber o teor da oferta. “Quando podemos?” Rápida, me
oferta 20 h a mais de trabalho em outra repartição. “Vou te indicar na APCA.
Quase certo!” Diz que é pegar agora ou largar para sempre. Pego! Pedirei
demissão de Jandira. Ergue os braços para cima, em sinal de vitória, punhos
cerrado e sorriso aberto: “Ai, que bom!”. Sai feliz. Trinta segundos para otimizar
o emprego.
Ao virar as costas o “chefe”
aparece no corredor, abraça-me, pega minhas mãos segurando-as simultaneamente, senta
e começa a se desculpar.
Explica estar envolvido em uma
situação com o Ministério, que terá impacto na vida de seus netos, e na dos
meus, e que está enfrentando sozinho uma batalha contra nova regulamentação que
vai “bolivarizar” tudo. “Querem garrotear o setor!”
-- “Estou em um grupo. E até meus
pares foram contra mim, os seis. Acabei convencendo-os da minha posição e
conversamos com os políticos, acertamos um acordo. ”
Conta que o texto chegou hoje da
cúpula e ele encontrou muitas diferenças entre o “combinado e o aprovado”.
-- “Passei o dia ligando para stakeholders para mostrar que o texto
está errado. Um desgaste! O diabo mora na gráfica!”
Afirmo que dada a sua importância
não precisava se justificar, não me incomodo “eu entendo”.
“Então, nos vemos amanhã”. Assim
termina nossa curta conversa, eu como ouvinte, como sempre. Logo volta-se à
recepcionista perguntando pelo Dr. X, Fulanos W e Y, se estão “na casa”. Parece
que precisa falar com todos. E rápido.
Metendo-me na conversa, sem ser
chamado, respondo que os vi, todos estão “lá dentro”, e aponto. O “chefe” ágil
e vermelho lá entra fechando a porta atrás de mim.
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