Estou
lendo "Memória Coletiva", um clássico escrito pelo francês
Maurice Halbwachs. O sociólogo foi executado pela Gestapo em 1945,
mas seu conceito de memória coletiva é muito empregado em estudos
científicos e acadêmicos.
“O ano acabado, os alunos se dispersam, e
essa classe definida e particular não se reorganiza nunca mais. É preciso não
obstante distinguir. Para os alunos, ela viverá por algum tempo ainda; pelo
menos, a ocasião frequentemente se lhes oferecerá para nela pensar, e dela
lembrar-se. Como eles têm quase a mesma idade, talvez pertençam aos mesmos
meios sociais, não esquecerão que estiveram próximos sob os cuidados do mesmo
mestre. As informações que este lhes comunicou levam sua marca; quando nelas
repensarem...perceberão o mestre que lhes revelou, e seus companheiros de
classe que as receberam ao mesmo tempo que eles”
Chamou-me a atenção, e resolvi compartilhar com os leitores, uma ideia presente no tópico “O Esquecimento pelo desapego de um grupo”: a memória de alunos e a dos professores ao fim do ano letivo. Escreve que um aluno lembra-se de fatos ocorridos em sala de aula específicos de uma disciplina ou professor mesmo com o passar do tempo, por ter lembranças em comum com o grupo com que estudou.
E o que diz que “É preciso não obstante distinguir”? O sentimento do professor:
“Para o mestre, será completamente diferente.
Quando estava em sua sala de aula, exercendo sua função: ora, o aspecto técnico
de sua atividade não tem uma relação maior com uma classe do que com outra.”
Mais um motivo para eu amar a internet e a tecnologia. O semestre termina, os alunos se vão, mas continuamos fazendo parte de um grupo, nos recolocando pelo facebook, repensando o mundo pelo meu blog, e recordando o passado com saudade e alegria.
Sem exceção convivo com alunos de classes passadas diariamente. Eles curtem minhas fotos, meus comentários. Acompanham meus pensamentos aqui no Blog Feliz da Vida! Contam suas trajetórias, e eu feliz me certifico que estão todos progredindo, e que são gente de bem.
Conheço suas famílias e seus pensamentos, e participo de suas vidas quando trocam de empregos, casam, tem filhos, viajam, estudam, pedem conselhos.
E qual minha alegria em perceber que eles convivem entre si pela mesma ferramenta. Se “curtem”, se “compartilham”, se “comentam”. Não estamos separados então!
A tecnologia minimiza o esquecimento e mantem o apego
do grupo. Isso é bom demais!
Creio que Halbwachs ficaria feliz de ver que o tempo
não impede os canais da memória de se fazerem presentes em grupos separados
geograficamente.
Percebo como é bom unir o conhecimento clássico com
as possibilidades modernas, e verificar as benéficas oportunidades de usarmos o
desenvolvimento tecnológico para o afeto e o bem da raça humana.
Um comentário:
A memória coletiva se fortalece pelo grupo e se perpetua no coração dos indivíduos que compuseram o todo. Hoje,através minha memória individual, carrego no coração boas lembranças da nossa turma, das nossas aulas e de teus ensinamentos. Você, sozinha, agrega o mundo todo! Obrigada! A amo! beijos Prófi.
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