Duas publicações anteriores abordaram o assunto, o primeiro transmitindo minhas percepções sobre o filme, a segunda, a pedido de alunos, comentando o sistema, alvo de crítica do filme.
Este complementa os posts anteriores indicando a leitura de artigo do Caderno Cotidiano do jornal Folha de São Paulo de 17 de outubro.
Intitulado "Comando Azul", o artigo demonstra tendo como fonte o Nupevi - Nucleo de Pesquisa das violências da Uerj - que “grupos formados por agentes de segurança, foco central do sucesso de ‘Tropa de Elite 2’ não param de crescer no Rio”.
Segundo a polícia, as milícias invadem as comunidades, matam os traficantes ou provocam sua fuga e passam a controlar com mão-de-ferro os negócios da favela. Dão "proteção" a comerciantes e moradores em troca de pagamentos mensais.Uma invasão de favela pode custar a um grupo de milicianos até R$ 4.000 em logística e munição. Nenhum integrante do grupo recebe dinheiro para participar das invasões a favelas ocupadas pelo tráfico. É uma espécie de investimento, em que os membros esperam recuperar os riscos em médio prazo, com a atuação no dia-a-dia. O armamento para essa invasão é comprado no mercado negro ou "herdado" de traficantes. Nada é registrado. A variedade de fuzis é grande, seus tiros furam com facilidade as precárias paredes das casas de favela. O impacto no corpo humano é devastador.
Essas “milícias”, após a invasão, instituem um poder paralelo que inclui o controle sobre atividades como o transporte alternativo (vans, kombis e mototaxis) e o “net-cat”, isto é, a central de distribuição de pontos ilegais de TV a cabo (“gatos”). Os grupos cobram taxas de segurança de moradores e pequenos comerciantes e chegam a controlar associações de moradores. Segundo o Jornal O Dia, o lucro das milícias em 2007 ultrapassava R$ 5 milhões nas comunidades.
O avanço das milícias reproduz e reforça a omissão e a permissividade do poder público local nesses espaços geográficos, permitindo a ocupação desordenada do solo, o comércio informal e a exploração irregular de atividades e serviços considerados de interesse público da favela.
Segundo a Folha, no artigo "Comando Azul" quem controla as favelas são: 41,5% as milicias, 55,9% o tráfico e 2,6% estão pacificadas pela polícia.
Comparando ficção e realidade podemos ainda descobrir que os milicianos são chamados de Comando Azul - a cor da polícia - por referência direta ao Comando Vermelho, uma das principais facções do tráfico. A favela Rio das Pedras, onde surgiram as milicias na década de 70, é chamada no filme Rio das Rochas. O Grupo Liga da Justiça, da zona Oeste foi no filme rebatizado de Pavilhão da Justiça.
O artigo apresenta ainda uma cronologia desde a década de 70 até agora e mapa da ocupação informando que no Rio, "Cidade Maravilhosa" o número de favela é 1.006.
O jornal O Globo em levantamento em 2007 apontou que "agentes de segurança ficaram entre os mais votados em comunidades dominadas por milícias" em artigos sobre a força eleitoral das milicias. Quais terão sido os números nas eleições atuais.
Acompanhe os posts sobre Tropa de Elite 2
http://profmaisaalves.blogspot.com/2010/10/amigos-do-blog-feliz-da-vida-novo.html
http://profmaisaalves.blogspot.com/2010/10/tropa-de-elite-2-o-sistema-o-ficha.html
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