Felizes
amigos do Blog Feliz da Vida! Ainda sobre as manifestações, com interesse mas
tempo escasso para comentar.
Me
entusiasmei com o resultado de uma pesquisa realizada durante os protestos de
junho que identificou o perfil dos manifestantes. Claro que todos sabiam que
eram na sua maioria jovens pela facilidade como 80% deles se organizou pelas
redes sociais, classe média e estudantes.
Ouvi gente
criticando os “mauricinhos” que reclamavam do preço da passagem sem tomar
ônibus, e outros tipos de preconceito de classe. Todavia 52% eram estudantes
sim, mas menos da metade (49%) possui renda familiar superior a cinco salários
mínimos, ou seja, metade pertence às faixas média baixa ou baixa no estrato
social.
Muito me
alegra saber que 43% é menor de 24 anos, por considerar esta fase árdua devido
a saída da adolescência, a experiência do primeiro emprego (cada dia mais
tarde), da escolha profissional, de relacionamento, etc. Muitos jovens saem de
uma situação em que os pais os superprotegem ou abandonam e eles tem que tomar
sérias decisões nesta fase sem preparo para tal. Difícil!
A informação mais
relevantes é que quase metade dos participantes das passeatas nunca tinham
participado de uma manifestação de rua. Daí, ouvi criticas de manifestantes de
carteirinha de que “esse pessoal” não tem posição política. De acordo com a
pesquisa, cerca de 90% não é filiada ou se sente representada por partidos
políticos. Mas espera aí! O pessoal nasceu na década de 90. A Constituição já
havia sido promulgada, o Plano Real aparentava estabilidade social, FHC foi
presidente quase toda a década e depois Lula em toda primeira década dos anos
2000.
A politização
exige treino. Estão aprendendo agora! Todos tiveram sua hora, inclusive os
“antigos” (como eu), todos nós aprendemos fazendo. Eu, por exemplo, na
juventude fui militante do PT, me emocionei quando o ex-operário atingiu a mais
importante função do país, para me decepcionar logo depois e preferir não ter
mais partido. Nossas ações são influenciadas pela situação econômica, política
e social de cada fase de nossas vidas!
O povo nas
ruas está fazendo com que os representantes dos 3 Poderes estejam alertas. No
Congresso estão trabalhando até à noite, dona Dilma tem reuniões diariamente
mobilizando sua defesa. É um bom sinal. Estão preocupados em atender ao povo, a
quem nunca deveriam manter desassistidos.
Pena que de concreto, pouco.
Qual a
preocupação agora? Que as reivindicações tenham foco, líderes, legitimidade e
não caiam no esquecimento.
Na quarta
saiu um artigo que vale à pena sua leitura, no editorial do jornal Estado de
São Paulo. O articulista, professor José Eduardo Faria, da filosofia da USP pergunta:
Qual é a motivação dos manifestantes, além da pretensão de reconhecimento de
direitos?
E faz uma comparação dos protestos de junho com as manifestações de 68 no Brasil e na França onde os estudantes pararam os sistemas de transportes, luz e gás em seguidas ondas de protestos “no sentido romântico de uma retomada dos impulsos morais que as gerações anteriores teriam deixado perecer. A teoria deveria nascer da ação, diziam. No Brasil, os protestos de 68 ocorreram num País submetido a uma ditadura militar. O que começou como iniciativa libertadora meses depois culminou no AI-5 e num longo período de violência e dissolução de liberdades públicas. ..Na França...sem o apoio de uma população cansada de passeatas e interrupção nos serviços públicos, o movimento estudantil murchou, depois de se ter radicalizado, e o país voltou ao statu quo, nos planos social e econômico. Foi a primavera do nada, disseram os mais conservadores. Haverá uma analogia entre maio de 68 e junho de 2013?”
E faz uma comparação dos protestos de junho com as manifestações de 68 no Brasil e na França onde os estudantes pararam os sistemas de transportes, luz e gás em seguidas ondas de protestos “no sentido romântico de uma retomada dos impulsos morais que as gerações anteriores teriam deixado perecer. A teoria deveria nascer da ação, diziam. No Brasil, os protestos de 68 ocorreram num País submetido a uma ditadura militar. O que começou como iniciativa libertadora meses depois culminou no AI-5 e num longo período de violência e dissolução de liberdades públicas. ..Na França...sem o apoio de uma população cansada de passeatas e interrupção nos serviços públicos, o movimento estudantil murchou, depois de se ter radicalizado, e o país voltou ao statu quo, nos planos social e econômico. Foi a primavera do nada, disseram os mais conservadores. Haverá uma analogia entre maio de 68 e junho de 2013?”
O artigo
discorre sobre a falta de um discurso integrado, seria ausência de ideologia?
Nesta semana
no programa Roda Viva entrevistou o filósofo esloveno Slavoj Zizek que
discorreu sobre política e o futuro da esquerda a nível global. A frase mais
comentada: "Os governos, mais do que nunca, têm de fornecer um poder central
e regulatório para suas economias. E é por isso que sigo firme como um
comunista", afirmou. "Vivemos em uma era totalmente cínica, ninguém
leva as ideologias a sério. Mas ainda precisamos delas. Ainda precisamos das
ideologias"
Zizek escreveu
em junho sobre a crise do capitalismo e sobre os protestos na Turquia na London Review of Books, artigo transcrito no blog Outras
palavras:
“Também é
importante reconhecer que os que protestam não visam a nenhum objetivo “real”
identificável. Os protestos não são, “realmente”, contra o capitalismo global,
nem “realmente” contra o fundamentalismo religioso, nem “realmente” a favor de
liberdades civis e democracia, nem visam “realmente” qualquer outra coisa
específica. O que a maioria dos que participaram dos protestos “sabem” é de um
mal-estar, de um descontentamento fluido, que sustenta e une várias demandas
específicas.”
Assim, é de
bom tom que os protestos no Brasil conclamem o “Basta”, como tem sido os
protestos contra a Corrupção e por mais educação ocorridos nos últimos dois
anos.
Meu tempo se
esgotou, conversamos novamente em posts futuros. Viva o futuro!
Leia e assista:
De maio de 1968 a junho de 2013
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