Natal! Tão rápido como chegou, terminou. Nem parece que teve 24 horas.

 

Natal! Tão rápido como chegou - nem parece que o ano já teve mais de 350 dias - terminou. Nem parece que teve 24 horas.

O lufa-lufa, o consumismo exagerado e o crédito fácil das políticas regulatórias têm apagado o seu brilho nos últimos anos.  Natal é sinônimo de gastança e de comilança, regadas a crise de consciência pelo novo corpo que se adquirirá após as festas.  Sofre-se por antecedência, mas se entrega aos prazeres da boa mesa.

Na quinta encontrei-me com amigos da época de faculdade, para nosso encontro anual de confraternização.  Enquanto aguardava o horário do jantar, observava os rostos das pessoas que foram às compras, as sacolas estavam cheias, mas seus rostos tensos, vazios de alegria. Compras natalinas deixam as pessoas estressadas, pelo trânsito, pelo dinheiro, pelos presentes pedidos e não encontrados, é tanta tensão que parece mais uma obrigação do que uma alegria dar presentes.

Tenho conseguido me manter afastada deste falso espírito natalino, o do consumo e estresse de fim de ano, desde que, convivendo com os jovens tenho aprendido muito os observando.

Conheço jovens ansiosos pelo futuro, cheios de esperança e vazios de amor próprios. Percebo a atenção que dão aos valores errados. Alguns colam na prova quebrando assim os valores da honestidade, outros formam panelinhas agrupando pessoas por características, quebrando valores de fraternidade e amizade. As baladas regadas a muito álcool e sexo infeliz, destronando o amor próprio e o auto-respeito.

Preocupa-me esta jovem sociedade infeliz que busca alegria no Shopping Center, preocupados com o Ter mais do que com o Ser. Desfile de saltos, calças apertadas e blusas cheias de vãos, ocupam as atenções distraindo do que importa numa sala de aula, a agilidade intelectual, a capacidade de pensar, a habilidade de formular boas perguntas e oferecer boas respostas aos debates propostos.

Infeliz do professor que considera o desinteresse dos jovens como algo natural. Natural é saber que se tem cérebro e usá-lo para desenvolvê-lo mediante estímulo constante.

Natal é renascimento. Tenho usado meus natais para manter o coração contrito e em calma. Faço minhas preces em silêncio agradecendo ao Pai de todos pelas graças recebidas de forma abundante durante o ano findo, e pedindo ao Menino Jesus que renasça no coração de cada jovem, homem ou mulher, para apontá-los a premência de uma existência mais feliz, livre das drogas, de preconceitos raciais, de gênero e de estratos sociais. Sonho com um jovem livre da arrogância e ambição desenfreada, a ganância, livre do Ter e mais próximos do Ser. Ser honesto, pensador, fiel a si próprio. Ser inteiro. Ser feliz!

Feliz Natal!