Seja Feliz!

Agradeço a sua visita e desejo que você seja muito feliz!
Leia os posts anteriores publicados em
http://malves.blog.terra.com.br/ .

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Longa observação – gaita na praça

Senhor japonês, de bermuda verde, toca gaita na praça gradeada em avenida movimentada.

Ao fundo, Av. Paulista.

De olhos fechados dança desiquilibrado ao ritmo do som produzido, nem sempre harmonioso.

Cansa. Para. Respira. Respira mais fundo. Toca. Dança. Para. Respira. Respira mais fundo ainda.

Sai apressado do centro da praça sentando-se num banco ao lado da grade.

Retira cuidadosamente do bolso da pólo verde, cerimonioso, um papel dobrado em seis partes.

Seria uma prece matinal? A julgar pelo contexto e cena, um mantra!

Inveja do velhinho de poucos cabelos e corpo firme pela sua disposição matinal.

Vou-me embora, preciso comprar água. Vou trabalhar.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Educação – Atratividade da carreira docente

Amigos leitores do Blog Feliz da Vida! Vamos continuar falando de educação?

No Portal Porvir em 22/10/13 sob o título “Como valorizar a carreira de professor no Brasil?” foi apontado resultado de pesquisa realizada pela fundação educacional Varkey Gems.

Segundo resultado, o Brasil está em penúltimo lugar entre 21 países em um ranking de valorização de professores, com base na remuneração de docentes, respeito por parte dos alunos em sala de aula e o interesse pela profissão.

“Há o problema da atratividade da carreira e da formação dos professores – e ambos estão interligados”, opina à BBC Brasil Paula Louzano, pesquisadora da Faculdade de Educação da USP e doutora em educação em Harvard.

Sobre a relação atratividade na carreira e formação indico a leitura dos artigos “Alunos do Ensino Médio e atratividade da carreira docente no Brasil” das pesquisadoras pela Fundação Carlos Chagas. Gisela Tartuci, Marina Nunes e Patricia Almeida do Makenzie e “A Teoria das Representações Sociais e o estudo do trabalho docente” das professoras Clariza Sousa e Lúcia Villas Bôas.

Com base nessas leituras comento os assuntos, abaixo:

Com base em pesquisas realizadas, se aponta que a profissão docente está sendo exercida por profissionais desengajados, negligentes, passivos face à sua falta de autonomia, e incompetentes tecnicamente para as disciplinas que ministram. Além de que não buscam formação continuada, mormente devido aos salários que incompatíveis com suas necessidades essenciais, são muito menos compatíveis com reservas para a cultura e educação.

Também se identificou que os alunos de licenciatura e pedagogia trazem para a sala de aula, enquanto alunos, baixo capital cultural, fazendo pouco uso dos bens culturais, parte por desestímulo familiar devido a baixa escolaridade dos seus pais, parte por desestímulo educacional.

Se ambos estão despreparados que preparo será concebido ao final dos anos letivos? Lembra-me a frase citada por Mary Baker Eddy: “Se um cego guiar outro cego cairão ambos no buraco.”

Muito crítica me pareceu a questão do currículo e controles serem efetuados pelos órgãos normativos, sem a participação dos educadores. Porém, penso que esse professor despreparado identificado nas pesquisas não pode mesmo decidir se lhe falta competência técnica, quesito que considero essencial para o exercício do ensino. Claro que minha opinião deve-se ao fato de eu ministrar disciplinas de administração de empresas, altamente técnicas.

Mais recentemente tem-se propagado na mídia todas essas visões, resultando em desprestígio da profissão, desrespeito social aos professores e desinteresse, como consequência, dos jovens por seguir carreira na área educacional.

A pergunta resultante desse quadro: Qual é a expectativa quanto ao futuro da profissão?

Resposta que pode ser obtida mediante análise da pesquisa com os alunos. Os que aceitam (ou conseguem) estudar na área são das baixas camadas sociais, sem acesso à cultura, que receberão baixo salário em virtude do desprestígio da profissão, e obterão baixa capacitação técnica. Obterão, portanto, retorno proporcional de seus alunos, quando em sala de aula como professores. Na minha análise, mesmo sendo otimista no geral, é cinzento o cenário.

Link para leitura das fontes:

PORVIR 

ATRATIVIDADE

REPRESENTAÇÃO SOCIAL

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Educação – Partes da história –1910

Amigos leitores do Blog Feliz da Vida! Juntos pela consciência crítica que nos impede de aceitar as coisas como estão, e buscando espaços para demonstrar nossa insatisfação e nos insurgindo pela palavra, que é nosso direito civil: liberdade de fala, de pensamento e de fé.

Na edição da Revista Exame nº 20, a capa trouxe o tema educação, com a seguinte pergunta: Hora da virada?

O articulista, Daniel Barros apontou à página 39, “a medida do atraso”: a produtividade baixa do ensino básico. Afirma que o conhecimento de ciências e matemática dos estudantes brasileiros aos 15 anos compara-se ao de um chinês de 10 anos, um coreano de 11, um polonês ou americano de 12.

Afirmando ainda que “não é a toa que esses paises tem produtividade do trabalhador maior que a do Brasil”. Brasil com crescimento de 13% nos últimos 10 anos e China de 134% no PIB por pessoa empregada em 2012. PIB nos USA 108, Canadá 86, México 37, Brasil 20 e China 18.

O articulista alia a educação ao desenvolvimento econômico. Trataremos do tema nos posts seguintes, este introduz a discussão.

Para colocar fogo na lenha seca transcrevo um anúncio publicado em um jornal operário na década de 1910 no bairro do Bom Retiro, SP. Era anúncio da Escola Libertária Germinal, de cunho anarquista, igual as que haviam em várias cidades à época. Atenção à sua linha pedagógica:

“Esta escola servir-se-à do método indutivo demostrativo e objetivo, e baseár-se-á na experimentação, nas informações científicas e raciocinadas, para que os alunos tenham um idéia clara do que se lhes quer ensinar. Educação Artística, Intelectual e Moral – conhecimento de tudo quanto nos rodeia; conhecimento das ciências e das artes; sentimento do belo, do verdadeiro e do real; desenvolvimento e compreensão sem esforço e por iniciativa própria. Matérias: as matérias a serem ensinadas, segundo o alcance das faculdades de cada aluno, constarão de leitura, caligrafia, gramática, aritmética, geometria, geografia, botânica, zoologia, mineralogia, física, química, fisiologia, história, desenho, etc.”

Era escola privada, não gratuita que combinavam os princípios da “Escola Moderna” (de Ferrer) e da “Educação Integral” (de Robin) não para a burguesia mas para a educação do operário.

A educação da época contava com uma divisão entre formação para o trabalho manual e o trabalho intelectual (o ginásio e os cursos superiores paa a elite e a escola normal e o ensino técnico para os trabalhadores).

Fonte: Hilsdorf, Maria Lucia Spedo. História da Educação Brasileira: leituras. São Paulo: Cencage Learning, 2011.

Ponha-se a pensar, até o proximo post.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Sou da Paz – debate papel da polícia

Amigos do blog, repasso texto publicado pelo Instituto Sou da Paz por considerar boa a discussão:

“A morte de Douglas Martins e a questão de uso da força

A morte do adolescente Douglas Martins no último domingo na zona norte de São Paulo por um disparo de um policial militar traz a tona múltiplas questões em relação à atuação da Polícia Militar. São questões muito mais complexas do que o debate polarizado que se coloca em relação à Polícia. Para compreendê-las é necessário abertura por parte dos críticos do trabalho da corporação e por parte da polícia em relação às críticas que recebe.

Polícia só é polícia porque é autorizada legitimamente a usar a força. Gostemos ou não, é preciso reconhecer essa autorização e discutir se e como nossa polícia está preparada para usar a força corretamente.

A prisão do policial que fez o disparo é importante, mas não pode ser a única resposta da corporação. Até porque não se trata de um caso isolado e é preciso assumir que a responsabilidade também é da própria Polícia e abrir um diálogo nesse sentido.

Feita essa ponderação inicial é importante esclarecer que a força é dividida entre diferentes níveis, que variam desde o nível mais brando materializado pela simples presença de um policial fardado nas ruas, passando pelo seu poder de parar alguém para realizar uma abordagem, até o uso da arma de fogo, nível mais elevado e mais letal da força. A abordagem, em algumas circunstâncias, pode ser um procedimento de extremo risco e de tensão tanto para o policial quanto para a pessoa que será abordada, por isso, é necessário que todos os cuidados sejam seguidos.

Para usar corretamente todos esses níveis de força, a polícia deve estar permanentemente bem preparada. O que significa que deve haver normas que regulem o uso da força, que deve haver formação permanente e continuada para todo o efetivo, e que deve haver suporte para o policial, tanto em termos de equipamentos adequados como de apoio psicológico. É necessária, ainda, a criação de procedimentos operacionais padrão (POP) com detalhamento dos passos a seguir em relação às diferentes situações de uso da força, com orientações de medidas corretivas quando as situações saírem do controle, sendo que a existência de mecanismos de supervisão permanente sobre como esses POPs são seguidos é tão ou mais importante que os próprios POPs. Por fim, é preciso que os mecanismos de controle sobre a atividade policial estejam voltados para o uso da força em seus diferentes níveis e sejam claros e transparentes para toda a sociedade.

Assim, para cobrar medidas em relação à morte de Douglas Martins, algumas perguntas precisam ser feitas: o policial que atirou seguiu o procedimento padrão para a realização da abordagem? Se não, por quê? Ele conhecia as regras sobre uso da arma de fogo? Por que não as seguiu? Como era feita a supervisão cotidiana sobre seu trabalho e sobre a forma como seguia ou não os procedimentos? Como o seu comandante poderia ter contribuído para uma melhor supervisão e assim prevenir a ocorrência de abordagens mal feitas? Ele estava bem treinado? Se sentia seguro e preparado psicologicamente para lidar com situações de abordagem? E como será o processo de responsabilização, individual e de sua equipe, em decorrência do ato que cometeu?

São as respostas a essas perguntas que podem ajudar a melhorar a capacidade da polícia usar a força, desde que a corporação e a sociedade estejam dispostas a travar um diálogo franco e aberto sobre elas.”