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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Recordar é viver - A série - Pré-ocupação - uma força auto imposta


Ontem à tarde no trânsito passei por um período de chuva muito forte. Daquelas que somente se vê um metro à frente. O céu foi ficando escuro, escuro, e cabrummm! Desceu aquela "enxurrada" do céu. Estava na Avenida Radial Leste sentido centro. Ao final da Radial, olhando para o viaduto havia muita luz. Eu ainda estava na chuva, mas já via o sol do fim de tarde. Me aproximando do viaduto, fui saindo da área da chuva e olhando para cima a cena era muito linda, duas nuvens muito, muito escuras cobrindo o céu, e no meio, o sol se "infiltrando" por entre elas e iluminando com seus raios uma vasta extensão do viaduto. E a luz foi se ampliando e tomando conta de tudo. Em pouco tempo estava sendo coberta pela luz e aquecida pelo seu calor. As trevas não tem poder maior que a luz! Que revelação! Ao final da escuridão, sempre vem a luz!

Amigos, que você possa ver a luz e receber de seu calor, e ser confortado, consolado, resgatado.

Republico um post de janeiro de 2009, como parte da série de posts "Recordar é viver". Sua mensagem, parte de um curso sobre Inteligência Emocional que estava ministrando, continua ativa e merece ser lida, "Pré-ocupação - uma força auto imposta":

 Na aula de ontem tratamos de entender um pouco como funciona a preocupação nas nossas vidas.

Quando você se preocupa, está se ocupando antes (pré-ocupação) de um assunto ou problema que ainda não aconteceu. Você está se antecipando aos assuntos e ocupa sua mente no tempo errado. Vive no futuro. Qual é a consequência?

Deixa de ocupar os seus pensamentos com os assuntos do presente, não dedica tempo suficiente para eles, perde o foco no hoje, e talvez com isso, cria um problema deixando assuntos não resolvidos.

Não é interessante? Você não ocupa os pensamentos com os assuntos do presente, não os resolve criando um problema para o futuro porque estava ocupando hoje seus pensamentos e energia com os assuntos do futuro, que talvez nem chegue a se concretizar. Insano!

Nos sanatórios, um lugar que não queremos nunca conhecer, os casos mais recorrentes são de pessoas com preocupação, ansiedade e medo.(falaremos dos outros dois outro dia).

A palavra inglesa worry (preocupação) deriva da palavra estrangular, sufocar.

Se eu agarrar agora seu pescoço, interrompendo-lhe o ar, estarei fazendo o mesmo que você faz a si mesmo quando se ocupa antes dos assuntos, ou seja se preocupa

 
DICA DE HOJE:

PRÉ-OCUPAÇÃO : Apague este comportamento assassino da sua vida!


Acesse o vídeo do Bobby Mcferrin, Dont worry  be happy no link abaixo, assobie, cante, seja feliz!
 
http://www.youtube.com/watch?v=yjnvSQuv-H4


A publicação original é do blog anterior, que  vale a visita http://malves.blog.terra.com.br/

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Bom humor na sala de aula. A percepçao do "Eu" e do "Outro".

Amigos leitores do Blog Feliz da Vida! Certa vez uma aluna, do tipo que chega atrasada e não sorri nunca, reclamou de meu senso de humor. As críticas devem nos levar a reflexão na busca de sua validade. Refleti e conclui que até poderia ser uma professora rabugenta (o tipo existe), mas como só posso dar aquilo que tenho, e por ser uma pessoa feliz e alegre, optei por manter o bom humor.
Certa vez uma colega do mestrado me deu uma cópia do artigo “Humor, educação e pós-modernidade” de José Sterza Justo, professor da UNESP, que guardei com muitos outros para ler quando tivesse tempo, ou seja, nas férias. Julgando-o muito apropriado, abaixo resumirei e comentarei pontos do artigo agora lido.

O ser humano tem duas expressões afetivo-emocionais básicas: rir e chorar. O choro manifesta-se como seu primeiro pronunciamento como sujeito no mundo. O riso aparece depois por volta do segundo mês de vida. Começa com movimentos sutis no canto da boca enquanto o bebê dorme e daí para frente deixa claro as sensações de prazer e alegria que o acompanham. Com o tempo torna-se mais intenso, frequente, culminando na gargalhada da criança.
Imagem: publicdomainpictures.net
O riso se manifesta no bebê mediante a percepção da figura humana, ele ri quando visualiza o rosto do outro. “O riso e a alegria, portanto, acompanham esse acontecimento fundamental e decisivo para a constituição do sujeito: a descoberta concomitante do “Eu” e do “Outro”...e se estenderá para outros acontecimentos e relação do sujeito com o mundo”

Claro, nem tudo será harmonioso na vida dessa criança, mas há formas de diminuir o peso das angústias no enfrentamento de conflitos e dificuldades, o emprego do humor.

O humor suaviza o enfrentamento de situações problemáticas e constrangedoras travestindo o sentido do que está sendo expresso na linguagem e na interação.
Uma vez estabelecidos os conceitos (mais amplos que essa transcrição inicial) procurei focar nos aspectos do humor na sala de aula. Geralmente, nós professores não lemos por ler, lemos para aprender, lemos estudando. Vejam o que encontrei:

“No espaço micropolítico da sala de aula, o humorismo ressoa profundamente nas subjetividades e nas relações estabelecidas. Pela via do humor se abre a possibilidade de expressões de ideias e afetos contidos e policiados, sob o patrocínio de uma atmosfera mais tolerante, licenciosa, flexível e permeada pela alegria e desenvoltura... A descontração propiciada pelo riso permite a superação de inibições e maior arrojo do sujeito na expressão de seus pensamentos e sentimentos e na sua exposição ao grupo.”
O artigo expõe como o humor pode ter também um efeito maléfico, como na situação do aluno que “não deixa passar nada” e faz interações cômicas constantes, muitas vezes para provocar o professor, algum colega ou badernar. São propósitos vinculados à perversão, como nas situações em que o humor e as piadas são empregadas para desqualificar e ridicularizar o outro.
Esse tipo de humor perverso resulta muitas vezes de preconceito e resulta em violência.

Nota que o humor como instrumento de linguagem e socialidade (relações que se desprendem das normatizações), se faz presente nos relacionamentos informais, aparecendo mais em momentos de desconcentração. Na sala de aula, quando ocorrem momentos de desconcentração e “discursividade lúdica”, fica visível o espírito de comunhão total no riso largo frente a um gracejo espirituoso. Nesse momento está sendo compartilhado um sentimento coletivo de alegria.

“A apropriação do humorismo pela pedagogia é inevitável dentro do quadro atual de flexibilização, expansão da linguagem... e pode contribuir para retirar dos afazeres de ensino-aprendizagem aquela atmosfera carregada de sisudez, pesar e sofrimento. O tom de alegria e desconcentração do humor pode tornar mais prazerosa e divertida a convivência com os pares na sala de aula e com as tarefas relacionadas ao conhecimento.”

Você já viu como os professores de cursinho pré-vestibular colocam humor na construção das aulas?
Observa ainda que a pedagogia do humor não tem como aspirações a disciplina e a sujeição, mas não pode, por outro lado, significar baderna e falta de compromisso, e também que, a convivência com o humor implica disposição para lidar com atitudes de subversão criativa da linguagem e das relações sociais; e é justamente esse sujeito criativo, capaz de transpor limites que é demandado pela sociedade, mais do que o sujeito reto, compenetrado, sério e intransigente.

Finaliza orientando que estejamos atentos para que o humor não se coloque a serviço da banalização, alertando que a cultura pós-moderna é invadida por um senso de superficialidade.
Não banalize as relações, a alegria não é um sentimento banal.

Então, está aí minha escolha. Sou movida a bom humor, muita coisa me anima, o cubo enorme de gelo no suco, o guarda volumes nas rodoviárias, o colchão na sala abrigando a família como num ninho, o “melhor bolinho de bacalhau do mundo”, gente do Piauí, SC, MG, SP, gente, adoro gente. De toda cor. Alegra-me os livros, muitos livros, o mundo dos livros, os alunos e o ensino.  
A frase acima é inspirada em frase da professora Marta Rovai, proferida no Encontro de História Oral, na Unicamp, quando nos conhecemos, que assim finalizou sua fala no grupo de discussão que coordenava: “Gente é lindo! Será que sou uma deslumbrada?” Como eu, pelo menos é bem-humorada!

Os temas abordados pelo artigo são muito mais amplos que os aqui comentados, compilados para o objetivo do post. Vale sua leitura completa que possibilita outras análises sob olhares variados. O artigo pode ser lido no link abaixo à partir da página 103.
Artigo Humor, educação e pós-modernidade

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

2014 - Ano Novo - Faça dele um ano de convívio - Um Banquete com Dante Alighieri

Amigos felizes do Blog Feliz da Vida! Agradeço sua visita às cerca de 60 postagens ao longo do ano que finda. Abordamos temas diversos, da administração ao feminismo, do preconceito à solidariedade, da educação à Cultura da Paz, dos Direitos Humanos à superação, das reflexões filosóficas à neurociência, do autoconhecimento à praticidade da Bíblia, do caos no trânsito ao impacto do desenvolvimento à dignidade humana, do desenvolvimento do Brasil à desigualdade de renda, das mazelas da sociedade às ideologias, do Maluco Beleza ao Homem Vitruviano, dos protestos e manifestações à Mandela, ícone do ano, das mensagens de suprimento ao poder do pensamento, enfim, tivemos um ano produtivo e construtivo na busca do desenvolvimento do ser.
Esse espaço deseja contribuir com seu desenvolvimento mental. Por isso, nessa época de festas, de mesa farta e de aproximação entre as pessoas que compartilho as ideias de “Convívio” ou “Banquete” escritos pelo poeta italiano Dante Alighieri entre 1304 e 1307.
O livro está dividido em quatro “Tratados”, escolhi compartilhar o quarto, que trata de temas “filosoficamente amenos” como a amizade, fidelidade, felicidade, juventude, velhice, ética nos atos e costumes, comportamento em sociedade privilegiando o bem, o bom cidadão, a harmonia do homem com a natureza e com seus semelhantes.
Muito a ver com esse Blog! Razão de partilharmos esse banquete, oferecida por ele e aqui por nós, numa “mesa farta do saber” com base no livro Dante Alighieri, o Poeta Filósofo, de Carlos Zampognaro publicado na Coleção Pensamento & Vida pela Editora Escala, e comprado a preço acessível nas máquinas nas estações do Metrô. (Dante desejava partilhar o saber, iria ficar feliz ao ver os clássicos vendidos nestas máquinas).

A abertura do “Tratado” aborda a necessidade do saber e a importância do conhecimento “o banquete do intelecto”. No saber, reside a perfeição da nossa alma, e a natureza humana nos leva a desejar o conhecimento. Infelizmente, diz, alguns homens não pode encontrá-lo devido a problemas físicos, aos vícios (que o envolvem tanto que se descuida de todas as outras coisas), das obrigações civis (que lhes ocupa muito tempo) e da preguiça ou defeito do lugar onde nasceu (que o priva do acesso ao conhecimento e ao contato com os estudiosos). Todas essas causas são dignas de abominação, pois “a falta de conhecimento diminui o valor do indivíduo” de 3 formas: puerilidade de ânimo (viver segundo os sentidos e não pela razão, como crianças), a inveja (se considera menos privilegiado devido à excelência dos outros) e à imperfeição humana (que lança sombras sobre a bondade apresentando-a como menos valiosa do que realmente é).
Defende o uso da língua popular em substituição ao Latim para que as pessoas comuns possam entender a obra e ela atinja e beneficie a todos. Como professora compartilho desse sentimento e me alegro pelas tecnologias de hoje que propiciam maior acesso ao saber.
Por fim, aborda a retidão moral, que se revela pela bondade (nobreza, propensão para o bem, o bom, o socialmente justo). “Deve-se saber que o homem é composto de alma e corpo e a nobreza está na alma como uma semente de virtude divina” (Vale a leitura em detalhe da sua concepção de semente e sua germinação, não contempladas neste post por limitações de espaço e foco).
Discorre sobre a bondade como fonte de benefícios e felicidade. “O homem deve empenhar-se com arte e solicitude em conceder sempre que possível benefício que seja útil a quem o recebe”.

Concebe o uso de nossa alma como duplo: prático e especulativo. Prático (operativo) no sentido de podermos agir por nós mesmos de modo virtuoso, com prudência, honestamente, com temperança, fortaleza e com justiça. E de modo especulativo, que se refere à contemplação não de nosso modo de agir, mas de se considerar as obras de Deus e da natureza. Esses dois modos de ânimo (alma) são nossa bem-aventurança e nossa felicidade.

Por fim, divide a vida humana em 4 etapas (idades): adolescência, juventude, maturidade e velhice.
Chamou-me a atenção, por eu trabalhar com pessoas dessa idade, que define a juventude como “a idade de quem pode ser útil”, apontando as virtudes da juventude: cortesia, lealdade, amizade sincera, amor, fortaleza, temperança, e outras. Da idade madura: prudência, justiça, magnanimidade e afabilidade. As virtudes “revelam a felicidade de viver”.

Escreve sobre a experiência da velhice quando se deve voltar a Deus e bendizer o caminho que percorreu enquanto foi reto, bom e sem sobressaltos. Compara a morte a uma viagem, em que o marinheiro recolhe suavemente as velas e reduz a velocidade do barco “volta-se para Deus com toda a sua disposição e coração aberto, de tal maneira a chegar ao porto com toda suavidade e paz”.  
Nessa idade, segundo Dante, a alma nobre bendiz os tempos passados, e pode muito bem bendizê-los porque “revolvendo sua memória, relembra suas boas obras sem as quais não poderia chegar ao porto com tamanha riqueza e grandes lucros”.

Encerra citando o bom mercador “Se não tivesse passado por esse caminho, não teria conseguido este tesouro e não teria do que me alegrar em minha cidade da qual me aproximo” (Tratado IV cap XXVIII).
Profundo, e que merece bastante reflexão não? Mormente por se tratar de aspectos do comportamento do homem na sua condição social. Quem é esse homem? Você, eu, seres sociais, convivendo numa sociedade em que os valores parecem se perder em meio à disposição de ter maior que a disposição de ser.

Esta é nossa mensagem de Ano Novo, que possamos relembrar o ano que termina como produtor de boas obras, e que na próxima etapa, pensando em 2014 como a cidade da qual nos aproximamos, cada um de nós possa se alegrar ainda mais com as boas obras que iremos produzir.
Na “morte” de 2013, pare um pouco para contemplar a sua alma, diminua a velocidade do barco e rememore o que fez de bom. “Busque a Deus com toda a sua disposição e coração aberto, de tal maneira a chegar ao porto (2014) com toda suavidade e paz”.  

Faça de 2014 um ano de virtudes, de bom comportamento social, crie oportunidades de praticar a bondade, assim encontrará a felicidade tão desejada pela alma humana.
Ainda de Dante, sobre a juventude, “ninguém pode dar o que não tem”. Que tenhamos uma alma virtuosa, ela manterá nosso corpo luminoso, para que tendo, possamos dar (conceder benefícios a quem os recebe).

Amém! Feliz Ano Novo!

As ideias vão muito além desse “recorte”, pena que o livro está disponível para download apenas no idioma original, Italiano, no site Domínio Público Convívio - Dante

O Professor Emanuel França de Brito da USP, explica no ensaio Tradução parcial e comentada do Convívio de Dante, as dificuldades de tradução (“abismo cultural e linguístico”) de sua obra Ensaio - Profº Brito
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