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sábado, 11 de julho de 2015

Radial Leste, a moto e o espelho por ela quebrado.

Olá amigos do blog Feliz da Vida! Satisfação em tê-los comigo.


Tarde fria de um inverno que está só começando, e parece querer mostrar a que veio.

Acende outro cigarro, que a tempos portava entre os dedos, e fuma-o mantendo o braço esticado para fora do carro, estratégia para diminuir o odor interno e evitar discussões.  

Espera o farol que não se apressa em abrir, acompanhando o movimento da fumaça, ora solta pelo canto esquerdo, devagarinho, com a boca torta e sem pressa, ora baforando para o alto, ritimadamente. Quantas caretas por um “bom cigarro”. Repentinamente vê a esposa aos berros amassando com fúria o maço escondido que encontrara. Despertado por sorte pelas buzinas que ouvem atrás de si, joga fora o cigarro, correndo, sacudindo a cabeça para se livrar da lembrança!

Lentamente se movem os carros nas quatro fileiras, alternadamente, e aquelas motocicletas infernais buzinando loucamente, aparecem por todos os lados. Uma, duas, cinco, quantas! Parece uma invasão, o mundo todo tomado. À direita, à esquerda, à frente, atrás, "se deixar sobem em cima"! Sente-se ansioso. Encosta a cabeça no banco de couro, tenta relaxar. “Pelo menos o carro é automático”! Sorri feliz com a recente escolha. A que preço? Não é o momento de pensar em dinheiro. “Melhor pensar em outra coisa”.

Ouve um barulho forte enquanto o carro sacode um pouco. Ouve o som de algo batendo no chão. É seu espelho esquerdo, arrancado por um dos tantos motoqueiros que passam espremidos entre os carros. Claro que não irá parar, nem pedir desculpas. Pagar o prejuízo? Milagres não mais acontecem, pensa. Suspira profundamente, sentindo um aperto no coração! "Tempos difíceis"!

Sem elucubrar, abre a porta, sai do carro afastando-se um metro e pega no chão o espelho que  está com um dos cantos esfacelado.  É meu! Olhando em volta, percebe que o motorista ao lado fica parado, sem gestos, sem sorriso, olhando para o chão enquanto andam os carros à sua frente. Acompanha o olhar do vizinho, é o suporte do seu espelho caído cerca de dois metros, intacto.

Deixando a porta aberta para segurar o trânsito atrás de si, desce novamente, caminha até a peça plástica, apanha-a sem verificar seu estado, caminha de volta, e acena para os outros carros, agradecendo num gesto, por terem esperado com paciência. Percebe ainda que sua caneta caíra do bolso neste movimento, contorna seu corpo magro, abaixa-se novamente para pegá-la, presente de aniversário. "Mais cara que o espelho".

Coloca tudo que é seu no colo, sentindo-se feliz pelas “aquisições”.

Percebe agora o risco que correra. Havia parado por instantes duas pistas da movimentada avenida, sem ouvir nenhuma buzina ou palavrão por isso. Não passara nenhuma moto. Absoluto silêncio. O mundo parara para atendê-lo. "Que gente amável"! Espera que tenham entendido a gratidão expressão por seu braço estendido.

Liga o carro e todos saem acompanhando-o como num cortejo, que poderia ver se tivesse o espelho.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Cavalo de pau

Amigos do Blog Feliz da Vida! É um prazer estar com vocês leitores. Obrigada pela leitura.


À noite o cachorro pede para passear. Finjo ignorar, a temperatura é baixa lá fora. Alheio a meu fingimento, chora. Eloquente, faz-me levantar lentamente do sofá que de mim não quer sair. Chaves, porta, coleira, portão, desafios preguiçosos.

Um carro de polícia passa devagar sentido à favela, faróis desligados. Curioso!

O passeio transforma-se em oportunidade para xeretar o comportamento dos guardas. Descemos rápido despertados pelo meu interesse.

Já estão voltando, ainda devagar, ainda no escuro. Distância de quatrocentos metros.

No sentido contrário um carro “canta pneu”, fazendo dois pedestres pularem para a calçada em busca de proteção e movidos pelo susto. Dá um “cavalo de pau” (aparentemente foi o momento em que identificaram o carro policial no escuro em seu sentido) fazendo meia volta volvendo-se para o caminho de onde vinham. Muito acelerado vira a primeira rua próxima, descendo para à favela.

O que havia ali? Quem estava no carro, que sendo velho despertou a noite com muito barulho?

Olho simultaneamente para o sentido contrário imaginando iniciar-se uma perseguição policial, daquelas vistas em novelas. Os policiais aceleraram o carro, ligaram os faróis e correram ao encalço dos suspeitos? Observo a cena.

Passa por nós o carro da polícia, ainda devagar, ainda com faróis apagados. Nele, dois sujeitos como que entorpecidos olham para a frente, na direção exata de onde os suspeitos fogem a distância de apenas seiscentos metros.

Não se tratava de um sonho, apenas um passeio com o cachorro, assim, manifesta-se a pura realidade. Provavelmente eram outros seus interesses.  

sábado, 4 de julho de 2015

Aprendi de ninguém

Amigos "notúrnicos" do Blog Feliz da Vida! Férias! Ah! Tão desejada! Tempo para escrever!


Aprendi de ninguém

“Agora, aqui, ninguém precisa de si”. Cantarola Arnaldo Antunes, na festa, ao final da mesa 17, ou seria 18, 19, no empenho de arrancar alguns sussurros que fosse da plateia, engessada, aparentemente, de “intelectuais”, supostamente.

O que posso fazer sem o outro? Para que preciso do outro? E tanto!

Amarrar os sapatos aprendi com o pai. Cumprimentar as pessoas, com a mãe. Dos irmãos o pedalar na bicicleta, a frear com a borracha no carrinho de rolemã, o ponto certo do arroz, tantas coisas!

Com a tia o gosto pela mortadela no pão de forma. Com as crianças da vizinhança a gostar de picnics (achei que o pic se escrevia separado do nic), aqueles com toalha estendida no gramado do parque. Na cesta, pão com mortadela, que junto com tubaína marcaram minha infância.

Com os professores a rezar e agradecer, se, da Escola Dominical, a obedecer e não resistir se os da escola formal.  A abrir, mas também a fechar a mente. Alguns bons, outros nem tanto, poucos céleres! Raros, os marcantes! A Benedita que me enxugou o pranto aos sete, à Ivani que me despertou para as letras, ao Tonny por me dar a chance! À Rovai: “escreva de novo”.

Mas o tema é o oposto: o que posso fazer sem precisar do outro?

Não aprendi a me defender com meu pai, a falar tudo com minha mãe, a fazer direito com os irmãos - sofríamos juntos pelos erros individuais-, como não aprendi a cozinhar com as tias ou a me soltar, com as crianças. Nem aprendi com o tio a fazer cara de choro.

Quem me ensinou a chorar? Com quem aprendi a sorrir? De onde vem meu libertar? Se os tivesse aprendido!

O que posso fazer sem a existência de alguém?
 
Tic-tac. Tic-tac. Tic-tac.

Com a Susana aprenderei a nadar? Com Alcidema a colocar a vírgula no certo lugar?

Pensar, tem o outro. No que penso, para que penso, em quem penso.

Até na intimidade, podendo só eu fazer por mim mesma, necessito do fabricante do papel, da louça e da companhia de saneamento, no mínimo.

Do outro sou refém!

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Mário de Andrade é o homenageado na Flip 2015. Já começou!


Amigos do Blog Feliz da Vida,

Percebo quando o ano chega ao meio quando chega a Flip.

Mais uma edição começou ontem em Paraty e termina no domingo, com a presença de autores e debatedores de todo o mundo, pessoas especiais do mundo literário.

Como sempre as mesas podem ser acompanhadas ao vivo pela internet, além de todo o evento poder ser seguido por diversas redes sociais.
Ouça sobre o processo em que para os escritores “a frase passa do estado inerte ao estado dinâmico”, conforme dito à pouco por Colm Tóibín, na mesa representada na imagem abaixo.



Programadas entrevistas e mesas com as portuguesas Matilde Campilho e Mariano Marovatto, o irlandês Colm Tóibín, o queniano Ngũgĩ wa Thiong'o, o australiano Richard Flanaganos, a americano-israelense Ayelet Waldman, os brasileiros Jorge Mautner e Marcelino Freire, Jorge Mautner e Marcelino Freire, Eduardo Giannetti e Sidarta Ribeiro, Luisa Escorel e muito mais, veja a programação completa no site.

O homenageado desta edição é Mário de Andrade. Encontre-se com ele no link FLIP

Estaremos juntos!