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segunda-feira, 29 de julho de 2013

HISTERECTOMIA, EU?

Felizes leitores do Blog Feliz da Vida! Este conto retrata o pensamento feminino face ao medo da doença e da morte.

O Veredito
Estava na idade onde o indicado é não mais engravidar. Sendo assim, não lhe seria necessário mais ter o útero.

Porém, sentiu uma certa tristeza quando o médico anunciou o veredito:

-- Vamos histerectomizar!

De onde veio o sentimento de perda? Iria dispensar um órgão desnecessário para seu “projeto de vida e idade” de acordo com o Dr.Alexandre, médico com cara de vovô. E carinho idem.

Talvez pela cultura do papel da mulher, ser mãe. Não, já estava satisfeita neste quesito.

Talvez o medo da anestesia geral, ou do processo cirúrgico, ou da recuperação.

Bem mais calma meia hora depois de terminar a dolorida consulta,  pensou que não é a perda do órgão que a assusta, é o medo à doença. Ou ainda, da perda de saúde, bem por demais precioso para alguém com sua vitalidade e compromissos.

Pensou na sua família, pensou no seu trabalho, pensou nos seus alunos. Pensou nos seus animais. Pensou nas suas plantas, no jardim.

Os exames femininos são por demais invasivos. “Culpa do modelo” segundo o médico.

-- Nossa barriga deveria vir com um zíper, facilitaria um bocado. Disse ela, para sorriso de ambos.

Como alguém consegue sorrir numa posição daquelas? E com aquela dor? Humor negro!

Não entende porque chamam de negro este tipo de humor. Preconceito?

Tinha uma amiga negra que se indignava com a cor do humor, do carro funerário ser preto, e outras coisas do tipo. Ela se mudou para Minas Gerais, e não deve saber que agora eles são brancos.

Branca e pálida foi sua cor diante da notícia inesperada. Precisava tomar ar.

O dia seguinte
Simultaneamente ao exame, o inverno deu suas caras na segunda-feira.

Esforçou-se para não pensar no assunto. Mas o seu útero insistia em pensar por ela.

Não conseguia sentir alegria.

Apenas um dia insosso.

Sem maiores sentimentos.

Frieza, na maior parte do tempo, como tentativa de espantar o pensamento.

Bicho insistente é o pensar. Tem vida própria.

Semana fria!

O cardiologista
E os dias vão e vem, passa a emoção inicial.

Algumas  amigas e alunas em apoio lembraram-na que pelo seu “perfil” irá "tirar de letra". Alentadoras palavras.

Como pré-operatório, é preciso identificar os riscos da anestesia geral.

A visita ao cardiologista, foi bem feliz. Foi a primeira vez nos últimos meses que um médico não lhe pede um monte de exames duvidando da sua boa saúde. "Pode operar, não corre risco cardiológico." Alívio! Agora quer que chegue logo este dia, para acabar de vez com a espera.

O "Dr.Vovô" alertou que os cardiologistas tem mania de pedir diversos exames, assim perderiam tempo precioso nesse processo. Que nada. Apenas os eletrodos em pontos espalhados pelo peito, pulsos e tornozelos. Aquele papelote verde com muitos riscos. Eletrocardiograma.

Gráfico do meu tum-tum-tum. Pensou.

Cada tum, um risco. Sobe, desce, desce, desce, desce..ops..sobe, sobe, desce, sobe. "Bate coração. Oh! tum. Coração pode bater er er".

Será que o gráfico registra saudade? Suspira profundamente!

Terminou mais rápido do que planejara, sobrando tempo para a maravilha das mulheres, principalmente numa segunda-feira: salão de beleza.

Perderei o útero, não a vaidade. Sentenciou solenemente!

Lavagem, corte, escova, buço, sobrancelha, mão. A estima lá em cima.

Esse lugar é sagrado! Ri-se satisfeita com a magia.

O sorvete completa a alegria da tarde de baixa temperatura.

No peito, a canção lhe aquece: "e se quiser saber pra onde eu vou...pra onde tenha sol..é pra lá que eu vou!

Contando a notícia
Sua afilhada olhou-a com compaixão diante da notícia: “a senhora, madrinha?” Sua irmã compara seus miomas, e seus colegas de trabalho lhe desejaram sorte, para poder voltar logo.

Mas sua mãe se preocupou muito, e falou num tom nervoso e mais alto que o seu normal “Não opera”!

Justificou seu medo com argumentos diversos, das amigas que tiveram recuperação parcial e lenta, dos efeitos colaterais, de sua idade, entre outros.

Ela que já estava acostumada com a ideia, ganhou novas preocupações. O pavor da sua mãe despertou-lhe algumas inseguranças e levou-a a procurar mais informações sobre o assunto. Pós, contras, riscos e resultados da cirurgia.

Impressionante como as mães tem tanta preocupação com o bem estar dos seus rebentos.

No dia seguinte sua mãe a presenteou com um “chinelo de hospital”. Daqueles fofinhos usados pelas vovós e mamães recentes. Talvez queira que por meio do chinelo ela sinta sua presença consigo. Vai funcionar.

Meu lado criança agradece a santa proteção. Assim seja! Respira, aliviada!

Mais exames?
Sua remuneração já fora prejudicada com tantas horas ausentes. Parece até que mudou o expediente para a tarde. Quantos exames é preciso para constatar a saúde ou a patologia?

Em quantas partes se divide o corpo que pode ser observado fragmentado. Cor, textura¸ consistência, tamanho, metabolismo, densidade, cor, dos ossos, membros, órgãos, músculos, células, tecidos, articulações...como somos grandes! Que perfeita a máquina que nos foi emprestada!

Os “mecanismos” todos se conectam, encaixam-se numa sincronia perfeita. Tudo no seu lugar e com um propósito específico.

Os ossos sustentam o corpo, apoiam os músculos e protegem órgãos internos. O coração é responsável pelo bombeamento do sangue. O sistema linfático drena o excesso de líquido para manter o equilíbrio dos fluidos no corpo, transporta as vitaminas e lipídeos, absorvidos durante o processo de digestão até o sangue, para que este transporte os nutrientes e outras substâncias pelo corpo. No sistema nervoso central ocorrem nossos pensamentos, emoções, memórias e estímulo sensitivo. Através dos impulsos elétricos que ocorrem entre seus bilhões de neurônios, conecta todas as partes de nosso corpo.

Sistema nervoso, linfático, esquelético, respiratório, circulatório, etc. A união de todos os sistemas formam o nosso organismo.

Refletiu entusiasmada, que maravilha! Só me resta cuidar da máquina e regular as engrenagens em desalinho.

Exames de urina, glicose, hemograma, coagulograma, ultrasons, eletrocardiograma, raios x diversos.

Se perguntou porque raio x de tórax para cirurgia no sistema reprodutor?  Vai descobrir. É curiosa.

Raio X de tórax 
Porque raio x de tórax para cirurgia no sistema reprodutor?  Descobriu:

Para verificar a possibilidade do paciente apresentar quadro de pneumonia, doença impeditiva à cirurgia devido a necessidade de anestesia.
 
A vida é feita de detalhes
O taxista de cabelos brancos dizia ao celular que enviou o currículo por email. Sua mãe, nos altos dos 70 e poucos anos, manda procurar tudo na internet. Lá comprou os ingressos para levar 8 sobrinhos ao Playcenter no sábado passado. Nela marca os exames médicos e lança as notas de provas dos “bons e maus” alunos. Pela internet os jovens marcam encontros e os ativistas os seus protestos. E por meio dela trabalha remotamente quando impedida de ir ao escritório do cliente.

Sua atual empreitada “interneutica” foi sugerida pela sua mãe, que quer que ela desista da cirurgia. Pesquisou alguns sites voltados às informações femininas, reprodutivas e de medicina e saúde.

Sempre se utiliza dos fóruns de tecnologia para entender assuntos cuja técnica não domina, ou para tirar dúvidas quanto a procedimentos que deseja usar para solução de conflitos ligados à TI. Desta vez, encontrou um fórum de mulheres que fizeram ou farão a histerectomia trocando informações, dúvidas, medos e esperanças no pré e pós-operatório.

Alguns depoimentos assustaram-na sugerindo prazo de recuperação três vezes maior que o informado pelo seu médico, outras citam as dores e desconforto do pós-operatório. Lá vai ela tremer de novo na base!

Porém, na maior parte dos casos, as mulheres contam que a cirurgia foi benéfica, os resultados positivos, e a recuperação boa, se seguidos todos os procedimentos indicados para o “resguardo”. Dois meses sem subir escadas? Como? Nos seus dois empregos precisará subi-las. Espera que as mulheres estejam exagerando, ou que seu organismo, contrário ao delas tenha uma recuperação excepcional. Morando num sobrado, não contava com este estorvo!

Dá tempo de demolir a escada que leva à suite? Ou de mudar de casa? Tanta coisa para se preocupar!

Suspira demoradamente. A vida é feita de detalhes.

O TEMPO CONTINUA  PASSANDO...

Pesquisa Histórias de vidas

Pesquisa Vida sexual


sexta-feira, 19 de julho de 2013

Problemas no metrô - mau humor ocasional. Ah! E mau hálito.

Caros amigos leitores do Blog Feliz da Vida! Frente fria chegando. Prepare-se para as orelhas do seu cobertor!

Tenho percebido uma mudança no comportamento das pessoas que usam o metrô em São Paulo, desde que houve manifestações em junho por melhores condições no transporte.

Quem viveu isso entenderá logo a situação: horário de pico, pela manhã e à tarde, sardinha na lata, apertada. Você nunca passou pela situação? Então imagine...lembre-se da maior vez em sua vida em que esteve comprimido, apertado contra uma parede, por exemplo. Imaginou? Agora duplique a sensação lembrando que falo de uma parede humana. Gente na sua frente, atrás, de ambos os lados. Se você tem minha estatura, gente por cima com seus braços e pertences. Se mexer o pé, perde-se o lugar dele, mas você não vai mexer os pés, não tem espaço nem para mexer os dedos.

O drama pode piorar? Pode, quando falamos de estação Braz pela manhã e Sé à tarde. Era Sé, agora também República, Luz, Anhangabaú. O aperto se generaliza.

Imagina que você está comprimido, não cabe mais ninguém. Mas quando a porta abre nestas estações e horários as leis da física são postas à prova. Uma multidão empurra a tudo e a todos que são jogados para cantos diversos sob sussurros e às vezes gritos. Palavrões, sim! Xingamentos sempre!

Sou otimista, os leitores sabem, mas posso piorar a explanação: pela manhã gente (bastante) com mau humor e mau hálito. À tarde acrescente pinga, suor, suvaco.

Quer mais? Tenho me perguntado por que as pessoas não mais colocam a mão à boca ao bocejar? Isso era falta de educação, agora é regra. Não percebeu? Talvez porque também o faça sem perceber a gafe. Atente-se!

E se a pessoa não escovou os dentes? Pode acontecer. Reparo muitos homens que não escovam os dentes após o almoço. Começo a temer quando tenho reuniões à tarde. O profissional conhece pacote office, faz graduação, sabe tudo de futebol e MMA, mas não sabe que tem que escovar os dentes em benefício de si e dos colegas de trabalho? Acha que vai pensar então no estranho no metrô?

Perguntei para vários alunos que confirmarem vivenciar esta situação em seus ambientes de trabalho.

É inverno e o ar-condicionado está me congelando como todos os dias, assim, meu nível de aceitação incondicional deve estar mais baixo.

Está bem! Hoje é sexta, vamos à parte boa, que foi por onde começou este post. Percebi que as pessoas não estão empurrando tanto quanto faziam à pouco tempo atrás e desde quando me lembro usando o metrô. Não tenho mais tomado solavancos, mesmo quando as pessoas avançam não é um empurrão agressivo e arrogante. Tem até gente pedindo desculpas. Na hora de descer na Sé tenho visto menos confusão e exaspero dos passageiros. Será que com os protestos as pessoas perceberam que estão todos no mesmo barco? E que a baixa qualidade no transporte afeta a todos? Afeta inclusive o sistema de transporte privado.

Eu posso escolher: posso ir de metrô massacrada pelo aperto ou de carro massagrada pelo tempo no trânsito. Quatro horas de Alphaville à Guarulhos! Acredite. Eu vivi!

- “Ah, prof! Doce ilusão. As pessoas não empurram menos, é por causa das férias, está sobrando lugar no aperto.” Fala sério!

Quanto ao metrô, pela manha vai demorando para sair em cada estação “problema na região leste” à tarde a cena se repete, muda o agente “problema na estação Saúde”. O metrô tá doente.

E já que o assunto é esse, vale citar os sujeitos que aproveitam a situação constrangedora por si mesma para encher as mãos nas nádegas de mulher que não a sua. Descaradamente! Bati em um dia desses. Eu que sou de paz, hem! E nem era comigo! Mas agrediu uma mulher, agrediu a todas as mulheres.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Manifestações e ideologia. E agora?


Felizes amigos do Blog Feliz da Vida! Ainda sobre as manifestações, com interesse mas tempo escasso para comentar.

Me entusiasmei com o resultado de uma pesquisa realizada durante os protestos de junho que identificou o perfil dos manifestantes. Claro que todos sabiam que eram na sua maioria jovens pela facilidade como 80% deles se organizou pelas redes sociais, classe média e estudantes.


 
Ouvi gente criticando os “mauricinhos” que reclamavam do preço da passagem sem tomar ônibus, e outros tipos de preconceito de classe. Todavia 52% eram estudantes sim, mas menos da metade (49%) possui renda familiar superior a cinco salários mínimos, ou seja, metade pertence às faixas média baixa ou baixa no estrato social.

Muito me alegra saber que 43% é menor de 24 anos, por considerar esta fase árdua devido a saída da adolescência, a experiência do primeiro emprego (cada dia mais tarde), da escolha profissional, de relacionamento, etc. Muitos jovens saem de uma situação em que os pais os superprotegem ou abandonam e eles tem que tomar sérias decisões nesta fase sem preparo para tal. Difícil!

A informação mais relevantes é que quase metade dos participantes das passeatas nunca tinham participado de uma manifestação de rua. Daí, ouvi criticas de manifestantes de carteirinha de que “esse pessoal” não tem posição política. De acordo com a pesquisa, cerca de 90% não é filiada ou se sente representada por partidos políticos. Mas espera aí! O pessoal nasceu na década de 90. A Constituição já havia sido promulgada, o Plano Real aparentava estabilidade social, FHC foi presidente quase toda a década e depois Lula em toda primeira década dos anos 2000.

A politização exige treino. Estão aprendendo agora! Todos tiveram sua hora, inclusive os “antigos” (como eu), todos nós aprendemos fazendo. Eu, por exemplo, na juventude fui militante do PT, me emocionei quando o ex-operário atingiu a mais importante função do país, para me decepcionar logo depois e preferir não ter mais partido. Nossas ações são influenciadas pela situação econômica, política e social de cada fase de nossas vidas!

O povo nas ruas está fazendo com que os representantes dos 3 Poderes estejam alertas. No Congresso estão trabalhando até à noite, dona Dilma tem reuniões diariamente mobilizando sua defesa. É um bom sinal. Estão preocupados em atender ao povo, a quem nunca deveriam manter desassistidos.  Pena que de concreto, pouco.

Qual a preocupação agora? Que as reivindicações tenham foco, líderes, legitimidade e não caiam no esquecimento.

Na quarta saiu um artigo que vale à pena sua leitura, no editorial do jornal Estado de São Paulo. O articulista, professor José Eduardo Faria, da filosofia da USP pergunta: Qual é a motivação dos manifestantes, além da pretensão de reconhecimento de direitos?

E faz uma comparação dos protestos de junho com as manifestações de 68 no Brasil e na França onde os estudantes pararam os sistemas de transportes, luz e gás em seguidas ondas de protestos “no sentido romântico de uma retomada dos impulsos morais que as gerações anteriores teriam deixado perecer. A teoria deveria nascer da ação, diziam. No Brasil, os protestos de 68 ocorreram num País submetido a uma ditadura militar. O que começou como iniciativa libertadora meses depois culminou no AI-5 e num longo período de violência e dissolução de liberdades públicas. ..Na França...sem o apoio de uma população cansada de passeatas e interrupção nos serviços públicos, o movimento estudantil murchou, depois de se ter radicalizado, e o país voltou ao statu quo, nos planos social e econômico. Foi a primavera do nada, disseram os mais conservadores. Haverá uma analogia entre maio de 68 e junho de 2013?”

O artigo discorre sobre a falta de um discurso integrado, seria ausência de ideologia?

Nesta semana no programa Roda Viva entrevistou o filósofo esloveno Slavoj Zizek que discorreu sobre política e o futuro da esquerda a nível global. A frase mais comentada: "Os governos, mais do que nunca, têm de fornecer um poder central e regulatório para suas economias. E é por isso que sigo firme como um comunista", afirmou. "Vivemos em uma era totalmente cínica, ninguém leva as ideologias a sério. Mas ainda precisamos delas. Ainda precisamos das ideologias"

 Zizek escreveu em junho sobre a crise do capitalismo e sobre os protestos na Turquia na  London Review of Books, artigo transcrito no blog Outras palavras:

“Também é importante reconhecer que os que protestam não visam a nenhum objetivo “real” identificável. Os protestos não são, “realmente”, contra o capitalismo global, nem “realmente” contra o fundamentalismo religioso, nem “realmente” a favor de liberdades civis e democracia, nem visam “realmente” qualquer outra coisa específica. O que a maioria dos que participaram dos protestos “sabem” é de um mal-estar, de um descontentamento fluido, que sustenta e une várias demandas específicas.”

Assim, é de bom tom que os protestos no Brasil conclamem o “Basta”, como tem sido os protestos contra a Corrupção e por mais educação ocorridos nos últimos dois anos.

Meu tempo se esgotou, conversamos novamente em posts futuros. Viva o futuro!

Leia e assista:


De maio de 1968 a junho de 2013
 

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Educação, avaliação e as mazelas da sociedade

Amigos do Blog Feliz da Vida! Hoje eu espirrei. Um amigo falou: saúde. Outro em seguida: educação, transporte e salários dignos. Parece brincadeira, mas muitas são as apirações da sociedade. Cada um sabe onde seu calo aperta. Esse post indica um calo meu que vem sendo apertado a cada dia, e não é de hoje. A qualidade da educação. Fui aluna da escola pública quando ela ainda era boa. Falo com conhecimento de causa.
Um conceito importante de administração: utilização racional de recursos para alcançar objetivos pré-determinados. Este conceito embute outros de tamanha importância: eficiência, eficácia, produtividade. Mede-se a produtividade em função do resultado.
Como se mede o aprendizado de um estudante, pela sua nota na prova? Esse foi seu resultado? E se foi obtido por meio de “cola” ou de “decoreba”? Pode ser considerado produtividade? O aluno foi eficiente? O professor foi eficaz?

Segundo o professor Cipriano Luckesi: “A avaliação deveria sempre ser a parceira de quem atua e busca resultados satisfatórios definidos num conjunto de desejos, intitulado projeto. No caso do ensino, para o educador pode demonstrar sua eficiência ou sua ineficiência, assim como as nuanças entre esses dois extremos; para o educando, a efetiva qualidade de sua aprendizagem, seja na direção do menos ou do mais.” *

O que dizer dos alunos recém-chegados aos bancos universitários que foram acostumados à progressão continuada ou facilitada em fases anteriores, e não sendo reprovados não se preocuparam em aprender a estudar? Quando no ensino superior, o professor lhe solicita que exercite a capacidade de análise, interpretação, síntese... Como, se ele não as obteve?
Como lidar com a tendência eficientista que mede a universidade pelo numero de alunos aprovados em provas e testes? A escola não se reduz a promoção tecnicista de alunos por séries - deve formar o educando como sujeito histórico, cidadão, que empregará seu saber além do mercado de trabalho, conduzindo também os rumos do país e da sociedade.
Presenciei casos de bons alunos, participativos e questionadores durante as aulas, que em momentos de provas se descontrolam emocionalmente, reduzindo sua pontuação no desempenho geral. Tive uma aluna de primeiro semestre que mesmo eu tentando acalmá-la, chorou durante todo o período de prova. Saiu da sala trêmula, sem conseguir responder às perguntas. Na semana seguinte veio pedir-me desculpas. Outra, já no terceiro semestre, ainda não venceu o “branco” na hora da prova. Tensão desnecessária. O nervosismo também atinge alunos homens.

Segundo a educadora Thereza Penna Firme " O aluno, como qualquer pessoa ou grupo, está sempre envolvido emocionalmente no processo avaliativo, justamente pelo fato de seu desempenho estar sujeito a um juízo de valor ou julgamento, que poderá ser favorável ou desfavorável. Esta situação gera ansiedade que, por sua vez, está vinculada à motivação para alcançar o sucesso. Tal situação é normal. Entretanto, se a preocupação com o sucesso é exagerada pelo medo da punição, pelo fracasso, pela intolerância de outros e a perda de autoestima, a ansiedade sobe a níveis insuportáveis que prejudicam severamente o desempenho do indivíduo ou grupo sendo avaliado. Assim, a possibilidade de fracassar deve ser entendida com naturalidade e com perspectiva de recuperação. Infelizmente a avaliação na escola tem sido gravemente afetada pela sua vinculação à punição e não à descoberta de uma realidade que deve ser conhecida, aplaudida ou corrigida se necessário." *


Algumas escolas incorporaram a disciplina de inteligência emocional objetivando contemplar o ser integral. Seria então o caso de incorporar controle financeiro, planejamento e gestão de objetivos pessoais, ausentes em boa parte dos jovens?
 A progressão continuada minimizou o fracasso escolar no ensino fundamental? A seriação automática maximiza o desinteresse do estudante? A retenção apenas na passagem dos ciclos impacta na exclusão social? São muitas questões. A avaliação deve contemplar a análise global do desempenho do aluno.
Alunos resistem aos métodos de avaliação. Professores resistem à aprovação automática. Gestores resistem ao fracasso escolar e a sociedade sente seus efeitos.
° Jovens sem perspectiva são enredados pela indústria do trafico que os remete à violência e à desumanidade.
 ° Jovens formados com ensino de baixa qualidade são renegados pelo mercado de trabalho, faltam trabalhadores, sobram vagas.
° Parte da mídia propaga descaradamente uma cultura massiva de desejos impulsivos gerando consumo desenfreado.
 ° Políticas de crédito fácil amarram o cidadão ao spread bancário que os torturam como ao soldado kafkiano extasiado.
Grandes mazelas com impacto no longo prazo.
Porém, o preparo das mentes e o despertar são indicadores de um sistema de educação de alta qualidade.

* A entrevista pode ser lida em http://www.futuroeventos.com.br/noticias/integra.php?id=481#.UdWuUuUeA5Y.twitter : Cipriano Luckesi e Thereza Penna Firme falam sobre Avaliação e até quando ela será um grande desafio