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sexta-feira, 19 de abril de 2013

A estatura do homem, Zeus e as artes – Reflexões pós sarau

Conversando sobre erudição, uma especial amiga, a quem considero minha segunda mãe, lembrou-nos das palavras de Paulo sobre a vivificação, “que advém do espírito, não da letra, que é morta”.

Conversávamos com Adriano Colangelo e sua esposa Agnes, após um sarau vivificante oferecido por uma amiga em sua casa. Todos muito felizes, amigos de longa data, iluminando o sábado chuvoso com suas luzes particulares. Agradável ambiente.

Adriano, artista plástico e professor de história da arte, além de músico, foi o convidado do sarau, nos brindando com seus conhecimentos de arte e cultura, resultados de uma vida de profundos estudos.

Pesquisador da obra de Leonardo da Vinci nos mostrou as obras Gioconda (Mona Lisa de 1506), Virgem das Rochas (1486), Homem Vitruviano (1492), a Virgem e o menino (1508), São João Batista (1516) e Cabeça de mulher, apontando detalhes das obras: a ligação dos personagens com a natureza e com o divino, os dedos apontando para o céu, sobretudo a presença da luz, e reforçando o papel feminino na vida dos grandes mestres.

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Gioconda

Homem viajado, de fala macia, nos agraciou ainda mais, tocando algumas peças do século XVI, na flauta transversal, outro dos seus objetos de estudo, demostrando que não há limite para o aprendizado.

Como autodidata, reconhece que o estudo leva ao conhecimento, que leva à sabedoria e esta deve se vincular a prestação de serviço aos demais seres humanos e à natureza. Incitou-nos a “dar aos outros o fruto do seu conhecimento”. Como professora não pude deixar de ater-me à constatação do iluminado, que falou ainda da humildade que deve caracterizar um sábio.

Assim, lembrei-me do professor Jean Lauande, de quem recebo aulas de filosofia semanalmente.
Uma vez descreveu-nos do poeta grego Píndaro, seu poema “Hino a Zeus”.

Intervindo no caos, Zeus coloca ordem na confusão criando o kosmos, totalmente harmonioso. Quando a criação estava perfeita, Zeus oferece um banquete para mostrar a terra, a natureza, os rios, enfim, sua obra perfeita aos outros deuses. Porém, um dos presentes descobre um defeito na criação: justamente o homem, saiu mal feito, ele é um ser que esquece!

Assim, faltam criaturas que reconheçam a grandeza divina no mundo criado. O homem esquece-se da criação valorizando a si mesmo, e deixa de reconhecer e louvar ao criador pela perfeição da obra.

Para minimizar o problema desse esquecimento humano, Zeus gerou as filhas artes, dando essas musas ao homem como companheiras, para ajudá-lo a lembrar-se. Através da poesia e da filosofia o homem se lembra e se extasia com a criação.

Com Lauande, presenciei numa aula, uma situação especial, e nela, a maior demonstração de humildade nesses meus "anos de estrada", conheci a estatura do homem e do sábio, numa junção de homem sábio.

Com Adriano, numa tarde de sábado chuvoso, durante o “Saral do Colangelo”, vivenciei Píndaro. Por meio da arte ricamente detalhada, recordei-me da criação, da perfeição da natureza , e louvei ao criador.

Adriano vivenciou de perto a Segunda Guerra Mundial, mas nunca contou nem aos filhos as atrocidades que presenciou, por não considerar digno propagar a forma infeliz com que um homem pode ser capaz de violentar o outro homem. Um propagador da paz, figura adequada para ser reverenciada neste blog.

Adriano comentando sobre a arte, a música e o individualismo humano, afirmou que estamos em um momento de grande crise, um período na humanidade jamais vivido, ou caímos na escuridão, ou elevamo-nos à luz e nos recriamos.

Faço uma ponte do comentário com entrevista publicada na folha de SP de 07/04, sob o título: “Século 21, um paraíso de paz”. Nela, falando sobre seu livro novo, Steven Pinker afirma que nunca houve menos violência como agora, e que através da empatia vamos construir um século de paz.
Este blog, como propagador da paz, lembra que cada um deve fazer sua parte para que isso se torne uma crescente e se reflita no mundo.

Homem Vitruviano


Agradecimento à Heloisa que quando adolescente frequentava saraus na casa de Adriano. Heloisa foi morar nos Estados Unidos e não o viu mais. Encontrou seu paradeiro recentemente pela internet, pelas graças da tecnologia, convidando-o então a realizar um sarau no Brasil, para recordar os "velhos tempos" e se reencontrarem.

Pelas graças da amizade, fui convidada para o evento, na casa da Alessandra, um anjo que eu tenho a dádiva de conhecer. Comemoramos ao final seu aniversário e de outros presentes, inclusive o meu, com boa comida e muito afeto de todos.

 Arte, música, boa comida, amigos felizes. Gratidão, e chuva... na medida certa para se fazer a poesia.

Dicas de leitura: Site do Adriano http://www.adrianocolangelo.com.br/2011/o-artista

“O homem é um ser que esquece”. Aula do Professor Doutor Jean http://www.jeanlauand.com/at11.html

Entrevista com o psicólogo evolucionista Steven Pinker na Folha de SP  Acervo Folha_Século de paz 

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