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quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

2014 - Ano Novo - Faça dele um ano de convívio - Um Banquete com Dante Alighieri

Amigos felizes do Blog Feliz da Vida! Agradeço sua visita às cerca de 60 postagens ao longo do ano que finda. Abordamos temas diversos, da administração ao feminismo, do preconceito à solidariedade, da educação à Cultura da Paz, dos Direitos Humanos à superação, das reflexões filosóficas à neurociência, do autoconhecimento à praticidade da Bíblia, do caos no trânsito ao impacto do desenvolvimento à dignidade humana, do desenvolvimento do Brasil à desigualdade de renda, das mazelas da sociedade às ideologias, do Maluco Beleza ao Homem Vitruviano, dos protestos e manifestações à Mandela, ícone do ano, das mensagens de suprimento ao poder do pensamento, enfim, tivemos um ano produtivo e construtivo na busca do desenvolvimento do ser.
Esse espaço deseja contribuir com seu desenvolvimento mental. Por isso, nessa época de festas, de mesa farta e de aproximação entre as pessoas que compartilho as ideias de “Convívio” ou “Banquete” escritos pelo poeta italiano Dante Alighieri entre 1304 e 1307.
O livro está dividido em quatro “Tratados”, escolhi compartilhar o quarto, que trata de temas “filosoficamente amenos” como a amizade, fidelidade, felicidade, juventude, velhice, ética nos atos e costumes, comportamento em sociedade privilegiando o bem, o bom cidadão, a harmonia do homem com a natureza e com seus semelhantes.
Muito a ver com esse Blog! Razão de partilharmos esse banquete, oferecida por ele e aqui por nós, numa “mesa farta do saber” com base no livro Dante Alighieri, o Poeta Filósofo, de Carlos Zampognaro publicado na Coleção Pensamento & Vida pela Editora Escala, e comprado a preço acessível nas máquinas nas estações do Metrô. (Dante desejava partilhar o saber, iria ficar feliz ao ver os clássicos vendidos nestas máquinas).

A abertura do “Tratado” aborda a necessidade do saber e a importância do conhecimento “o banquete do intelecto”. No saber, reside a perfeição da nossa alma, e a natureza humana nos leva a desejar o conhecimento. Infelizmente, diz, alguns homens não pode encontrá-lo devido a problemas físicos, aos vícios (que o envolvem tanto que se descuida de todas as outras coisas), das obrigações civis (que lhes ocupa muito tempo) e da preguiça ou defeito do lugar onde nasceu (que o priva do acesso ao conhecimento e ao contato com os estudiosos). Todas essas causas são dignas de abominação, pois “a falta de conhecimento diminui o valor do indivíduo” de 3 formas: puerilidade de ânimo (viver segundo os sentidos e não pela razão, como crianças), a inveja (se considera menos privilegiado devido à excelência dos outros) e à imperfeição humana (que lança sombras sobre a bondade apresentando-a como menos valiosa do que realmente é).
Defende o uso da língua popular em substituição ao Latim para que as pessoas comuns possam entender a obra e ela atinja e beneficie a todos. Como professora compartilho desse sentimento e me alegro pelas tecnologias de hoje que propiciam maior acesso ao saber.
Por fim, aborda a retidão moral, que se revela pela bondade (nobreza, propensão para o bem, o bom, o socialmente justo). “Deve-se saber que o homem é composto de alma e corpo e a nobreza está na alma como uma semente de virtude divina” (Vale a leitura em detalhe da sua concepção de semente e sua germinação, não contempladas neste post por limitações de espaço e foco).
Discorre sobre a bondade como fonte de benefícios e felicidade. “O homem deve empenhar-se com arte e solicitude em conceder sempre que possível benefício que seja útil a quem o recebe”.

Concebe o uso de nossa alma como duplo: prático e especulativo. Prático (operativo) no sentido de podermos agir por nós mesmos de modo virtuoso, com prudência, honestamente, com temperança, fortaleza e com justiça. E de modo especulativo, que se refere à contemplação não de nosso modo de agir, mas de se considerar as obras de Deus e da natureza. Esses dois modos de ânimo (alma) são nossa bem-aventurança e nossa felicidade.

Por fim, divide a vida humana em 4 etapas (idades): adolescência, juventude, maturidade e velhice.
Chamou-me a atenção, por eu trabalhar com pessoas dessa idade, que define a juventude como “a idade de quem pode ser útil”, apontando as virtudes da juventude: cortesia, lealdade, amizade sincera, amor, fortaleza, temperança, e outras. Da idade madura: prudência, justiça, magnanimidade e afabilidade. As virtudes “revelam a felicidade de viver”.

Escreve sobre a experiência da velhice quando se deve voltar a Deus e bendizer o caminho que percorreu enquanto foi reto, bom e sem sobressaltos. Compara a morte a uma viagem, em que o marinheiro recolhe suavemente as velas e reduz a velocidade do barco “volta-se para Deus com toda a sua disposição e coração aberto, de tal maneira a chegar ao porto com toda suavidade e paz”.  
Nessa idade, segundo Dante, a alma nobre bendiz os tempos passados, e pode muito bem bendizê-los porque “revolvendo sua memória, relembra suas boas obras sem as quais não poderia chegar ao porto com tamanha riqueza e grandes lucros”.

Encerra citando o bom mercador “Se não tivesse passado por esse caminho, não teria conseguido este tesouro e não teria do que me alegrar em minha cidade da qual me aproximo” (Tratado IV cap XXVIII).
Profundo, e que merece bastante reflexão não? Mormente por se tratar de aspectos do comportamento do homem na sua condição social. Quem é esse homem? Você, eu, seres sociais, convivendo numa sociedade em que os valores parecem se perder em meio à disposição de ter maior que a disposição de ser.

Esta é nossa mensagem de Ano Novo, que possamos relembrar o ano que termina como produtor de boas obras, e que na próxima etapa, pensando em 2014 como a cidade da qual nos aproximamos, cada um de nós possa se alegrar ainda mais com as boas obras que iremos produzir.
Na “morte” de 2013, pare um pouco para contemplar a sua alma, diminua a velocidade do barco e rememore o que fez de bom. “Busque a Deus com toda a sua disposição e coração aberto, de tal maneira a chegar ao porto (2014) com toda suavidade e paz”.  

Faça de 2014 um ano de virtudes, de bom comportamento social, crie oportunidades de praticar a bondade, assim encontrará a felicidade tão desejada pela alma humana.
Ainda de Dante, sobre a juventude, “ninguém pode dar o que não tem”. Que tenhamos uma alma virtuosa, ela manterá nosso corpo luminoso, para que tendo, possamos dar (conceder benefícios a quem os recebe).

Amém! Feliz Ano Novo!

As ideias vão muito além desse “recorte”, pena que o livro está disponível para download apenas no idioma original, Italiano, no site Domínio Público Convívio - Dante

O Professor Emanuel França de Brito da USP, explica no ensaio Tradução parcial e comentada do Convívio de Dante, as dificuldades de tradução (“abismo cultural e linguístico”) de sua obra Ensaio - Profº Brito
Você pode baixar também com o iBooks no seu Mac ou dispositivo iOS, e em seu computador com iTunes. Download iTunes

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