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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Flip 10 anos

Amigos leitores do Blog Feliz da Vida,
É uma pena que a Flip seja uma festa que acabe tão rápido. Este ano em função da data pude acompanhar diversas mesas on line, e publico abaixo curiosidades que ocorreram e que segundo minha visão merece compartilhamento.
A mesa “Pelos olhos dos outros” contou com a participação dos escritores Ian McEwan e Jennifer Egan, dois escritores dos mais considerados na lingua inglesa.
Jennifer esteve por 8 horas numa prisão masculina para entender sua estrutura e poder descrever sobre um de seus personagens, um detento, no livro “O Torreão”, que participa de uma oficina literária na prisão.
McEwan conviveu por 2 anos com um neurocirurgião, inclusive assistindo a procedimentos cirúrgicos para pesquisar e descrever uma intervenção cirúrgica no seu romance “Sábado”.
Jennifer, que já ganhou o Prêmio Pulitzer, afirmou que tem-se que conhecer 10 vezes mais sobre o que se vai escrever “para se movimentar bem com o tema”.
Ela pesquisou a relação de adolescentes homossexuais nas redes sociais onde tinham uma vida “fora do armário” em contraste com a vida real onde tinham vidas discretas e “enrustidas”, para entender o assunto e escrever sobre o tema.
McEwan ao responder pergunta sobre a manipulação dos escritores em suas obras, disse que a manipulação não é objetivo fim do romancista, e quando acontece não é sádica. Afirmou que “o escritor lê os outros pelos seus olhos, e que essa é a ferramenta literária do  romance”.
A mesa “A família” contou com as presenças da escritora Dulce Maria Cardoso de Portugal e o brasileiro Zuenir Ventura.
A família é um laboratório do comportamento humano colocou logo no início a escritora citando vários tipos de conflitos que existem nas relações familiares.
A escritora foi advogada durante muitos anos e disse que os casos familiares eram os mais assustadores. “Na família somos formados, informados ou deformados” citou.
Durante a mesa a autora comenta que a família está em estado de mutação, antes os casamentos eram arranjados pelos pais, havia o casamento empresarial de famílias numerosas, muitos filhos para trabalhar na propriedade rural dos pais, hoje temos todos os tipos de famílias constituídas pelos filhos do divórcio, e casamentos entre iguais nas relações homossexuais, enfim, a família está ganhando nova configuração.
O desafio atual da família, além de satisfazer as necessidades da sociedade, é a de ser o lugar de proteção, onde o amor permanece. A família vista como casa não como prisão.
“Há certa impunidade no interior das famílias”, comentou, afirmando que seus personagens no livro “O retorno” não existiriam sem esse sistema familiar complexo, onde se tenta equilibrar as diferenças de poderes e dependência.
Zuenir Ventura, autor do romance “Sagrada família” afirmou que os preconceitos, tabus e estigmas definiam o comportamento das famílias retratadas em seu livro, cuja história acontece na década de 40, quando a família era patriarcal e a mulher nao tinha poder.
Em seguida ocorreu a mesa “O avesso da pátria”.
O escritor Haitiano Dany Laferrière conta que fugindo da ditadura saiu do Haiti em 1976 para o Canadá, trabalhou 6 anos em uma fábrica como operário, e nos dois primeiros anos não teve onde morar.
Sua mãe que era pobre, pouco estudada, mas que lia muito, o presenteou com o livro “Dom Quixote” em seu aniversário de 12 anos, introduzindo-o no mundo da literatura.
Querendo compensar sua mãe pela boa educação que lhe dera comprou uma máquina de escrever e começou seu primeiro livro, hoje tem 25 livros publicados. “Meu livro é uma máquina contra a ditadura haitiana”.
Sobre a literatura e o processo criativo, ponderou que “o mais difícil é ser simples, produzir coisas muito sutis e muito ricas”.
Com ele estava debatendo a escritora cubana Zoé Valdez, opositora do regime de Fidel, desde 1995 exilada morando em Paris, falou de liberdade, justiça e cultura. No seu livro “A eternidade do instante” a protagonista se chama Pátria. “Toda noite quando sento em meu computador volto mentalmente para Cuba”.
Quando seu livro “O todo cotidiano” foi publicado na França em 1995, o governo cubano disse-lhe para não voltar. Ficou em Paris.
Lembrou que quando criança a leitura era sua ferramenta para sair do lugar onde estava. “O endereço da liberdade é o lugar do leitor e do autor. Somos animais leitores e essa leitura por suas informações permeiam a realidade do cotidiano”.
Citou José Martí, intelectual cubano do século XIX: “A literatura é uma viagem extraordinária”.
Esclareceu que o escritor não escreve através de si mesmo, mas escreve tudo que ouve.
Depois, Enrique Vila-Matas proferiu uma conferência com base em seu romance “Ar de Dylan”
Refletindo sobre o colapso da literatura falou que há mais escritores que leitores no mundo de hoje, mas o que me chamou mais atenção foi quando falou da contradição entre escrever ou parar de escrever, entre ser reconhecido pelas suas obras ou se manter escondido.
Segundo sua opinião um escritor é para ser lido e não para ser visto.
Fala da simplicidade dos temas. Desde quando uma corrente de ar pode ser tema de um romance e aceito pela crítica? Seu livro foi aceito. Seu protagonista é um escritor de meia-idade que comparece a uma universidade suíça para tomar parte em congresso internacional sobre o fracasso. Lembrou do medo que sentiu na véspera do lançamento do livro.
Ainda falou que não poderemos observar uma escrita leve se não percebermos a literatura pesada, e que escrever o tempo todo sem descansar, sina dos escritores, “é uma desgraça”.
Quando escreve conversa com a literatura, com a leveza, com a imaginação, e sente que vai escrever sempre, sempre, sempre, “para ser fiel a mim mesmo”.
A última mesa do sábado foi uma surpresa, contou com a presença dos cartunistas Laerte Coutinho e Arnaldo Angeli que falaram sobre humor, charges, quadrinismo, e de suas dependências dos personagens, e o momento de se desligar deles.
Laerte respondeu a perguntas sobre seu transvestimento, por usar nos últimos anos roupas feminina. Ele é praticante do crossdressing.
Angeli falou sobre o envelhecimento e do processo de esquecimento pelo qual está passando.
Laerte contou de uma vez que desenhou uma tirinha de um matador com mal de Alzheimer que esquece quem devia matar. Leitores que tinham familiares com a doença protestaram.
Outra vez ele desenhou uma tira sobre um suicida, e a mãe de um jovem que havia se suicidado se sentiu ofendida.
Angeli contou que está perdendo a memória recente. “Fumei muito orégano na vida”, brincou.

Você poderá ler resumo das mesas e outros eventos no link oficial http://www.flip.org.br/http://www.flip.org.br/    

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