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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Amigos leitores reflexivos do Blog Feliz da Vida! Convido-os para refletir ainda neste post sobre o tema ensino superior.

Li recentemente um artigo de Wellington Moreira no site RH, que reflete alguns dos problemas que eu vivencio em sala de aula, e situações que eu percebo nas empresas onde realizo consultoria. Embora o artigo cita números de ano anterior, ainda não deixou de ser a realidade e comento neste post os temas principais.

O articulista cita a grande quantidade de alunos que a cada ano recebe diploma de ensino superior, número ainda baixo por termos apenas 11% da população entre 25 e 64 anos com  tal formação, porém, muitos já formados “quando se apresentam ao mercado de trabalho, descobrem que a sua capacitação não atende os requisitos mínimos exigidos pelos empregadores”.

O autor aponta que diploma não mais significa boa formação e que estamos diante da "Geração do Diploma"

Daí cita possíveis razões para essa desqualificação generalizada, tais como falta de experiência prática, baixa qualidade do ensino ofertado pela maioria das universidades, exageradamente teórico, professores desmotivados, e aprendizes mais preocupados com a nota do que em aprender. Enfatiza que muitos alunos não conseguem aprender devido ao baixo preparo nas séries anteriores, e que é preocupante o índice de analfabetismo funcional entre os universitários.

Realmente, professores do ensino superior tem que fazer muitas revisões quando dão aulas para alunos recém-chegados do ensino médio. No fundamental a progressão era continuada, se não sou reprovado não preciso estudar, certo? Levam o mau hábito para o ensino médio, e ao ingressar no ensino de nível superior, não estão preparados, vem com baixo nível intelectual, semiletrados. Não quero com isso agredir, apenas apontar a situação do ensino nacional.

Embora o articulista comente que o quadro é apropriado também para diplomas de universidades de elite, falo do que conheço, a realidade dos alunos das classes populares.

Nas famílias o nível intelectual não é alto, muitos dos nossos jovens universitários tem pais semianalfabetos, altamente influenciados pela mídia, de qualidade duvidosa, com baixo ou nenhum acesso ou interesse por atividades culturais, características transmitidas aos filhos moldando suas ambições e capacidade de mobilidade social.

O que temos aí? O conceito de capital cultural de Bourdieu:  decorrente da condição de vida de cada classe da sociedade são moldadas suas características, reforçando a divisão de classes e suas possibilidades de ascensão. O capital cultural é um recurso que reforça as relações de poder, mantendo as situações das classes, uma vez que é influenciado também, pelas condições econômicas.

Já ouviu alguma pessoa alegar que o ensino em toda a história brasileira foi reservado para a classe abastada da sociedade, e que os pobres deem-se por felizes por estarem na universidade hoje, graças aos financiamentos públicos pago com seus impostos? Eu sim!

Saviani entende a História brasileira da educação se dividindo entre História Luso-brasileira até 1822 e História Nacional à partir daí. Temos assim que, nestes cinco séculos a expansão das oportunidades de educação foram marcada pelas desigualdades de condições, atendendo as camadas privilegiadas da população em detrimento das camadas pobres da população, ensino restrito a pequenos grupos.

Nas últimas décadas as camadas desprivilegiadas estão tendo acesso ao ensino superior, porém o ensino fundamental e médio de baixa qualidade tem forte impacto no desempenho e capacitação para ensinos superiores, levará tempo para que a situação seja melhorada, é necessário melhorar o ensino na base.

Estando a base fraca, se requer do professor de ensino superior além dos conteúdos das disciplinas próprias a esse nível, complementar as do ensino anterior, além de ser necessário às vezes transmitir noções de cidadania, respeito, educação em geral, falhas na relação familiar e social anteriores à sua entrada na universidade.

Considere esses número: em 1970, ano em que a Seleção Brasileira ganhou o tricampeonato mundial de futebol, a população brasileira era de “90 milhões em ação”, em 2000 éramos quase 170 milhões, e a Copa do Mundo de futebol será realizada em 2014 num pais que ultrapassou a marca de 200 milhões.

Considere também que temos 7 milhões de matrículas no ensino superior , representando  3,5% da população. Na década de 70 representava 2% . Que mudanças  percebemos?  A população aumentou 122% e o acesso ao ensino superior? 1,5%. Pífio!

Porque 1970? Porque neste ano, foi estimulado o ensino superior com objetivos de formação de técnicos para impulsionar o desenvolvimento econômico advindo com o “milagre econômico”.

E também por ter sido o ano em que o Brasil disputou a Copa do Mundo no México ganhando da Itália com um placar de 4 a 1.

Esse título foi amplamente utilizado como propaganda política, pelos militares que governavam o país. Estávamos no auge da ditadura militar, e a equipe campeã mostrou a superioridade brasileira em relação ao resto do mundo. No futebol.

Agora temos um país democrático, e capaz de sediar o evento, mas estamos longe de ter um time campeão e capaz de obter alto placar nas cadeiras escolares, em todos os níveis.

 
O artigo completo no site RH pode ser acessado no link  Geração Diploma

Se quiser conhecer os conceitos de capital cultural e herança cultural de Bourdieu pode ler no link  Bourdieu - Tese


Sobre ensino superior pode ler o meu post anterior que reflete sobre o tema no link
Geração à Rasca
 

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