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quinta-feira, 17 de março de 2016

Uma goiaba como presente da goiabeira

Olá amigos amantes da natureza do Blog Feliz da Vida! Uma história de verão para aliviar as cargas pesadas do momento político brasileiro atual:

Não se sente em um de seus melhores dias, nem sente aquele como o pior, “nem cheirava nem fedia”, diria sua avó Antonia, “que Deus a tenha”.

Se arrumou sem muita disposição, de modo que jeans e camiseta julgou “suficiente”. Apenas o tênis passou por escolha mais rigorosa, o azul, já batido, assim, confortável e ideal para a chuva fina que cai insistentemente todo o verão. Ainda bem que está no fim. “Odeio calor”, pensa.

Faz o caminho habitual com o propósito diário de cumprimentar a goiabeira, frondosamente instalada na praça, que foi sendo cercada por calçadas, e prédios, e gente. Sufocada pelo progresso econômico da região.

Passa religiosamente por baixo da árvore, como que para reverenciar sua presença e referenciar que são iguais, ambas são desapercebidas no meio do todo. Gente, carros, buzinas, chuvas.

Passa a mão em seu tronco, fala um ligeiro “oi” e comenta algumas coisas como “que bom te ver hoje”, “você está verdona, que linda!”, “quanta chuva hem? Está bem molhada”...

Reparou a uma semana que havia uma goiaba no pé. Primeiro verde e pequena, que foi crescendo e ganhando a cor amarela. Bonita! “Parece apetitosa”.

Seguia seu rumo, até a visita do dia posterior, enquanto elocrubava sobre as coisas da árvore ao passar por ela. Por que haveria apenas uma em uma árvore tão grande? Poluição? Idade?

Pensa nas árvores todas abandonadas pelos homens, e quase chora ao lembrar de uma, no bairro em que mora. 
Algum displicente descarregou um monte de pedra sobre ela, para fazer a obra do rio. “Com tanto lugar!” 
Deve ter um Deus separado para a natureza, pensa, pois ela sobreviveu à construção, está crescendo ao lado do rio agora canalizado.

Nesta noite, de chuva, jeans, camiseta e tênis velho, esperando o semáforo abrir, olha de longe sua amiga árvore. Pensa na goiaba solitária, agora já madura. Atravessa a rua e no mesmo instante que passa pela árvore, antes mesmo de tocar seu tronco no cumprimento diário, a única fruta desprende-se do ramo. Caindo, passa rolando e para encostada na guia.

“Puxa, passou por mim e não peguei?” Olhando para traz percebe os transeuntes e carros parados no farol, no canto, a goiaba.

Segue seu caminho após conversar com a árvore amiga, quando percebe duzentos metros depois que deve voltar. Aquela goiaba não pode ficar lá, abandonada para apodrecer. “Caiu para mim. É um presente!”

Vai, não vai...as pessoas a verão voltar para pegar uma fruta no chão...não vai. Segue.

“Vou sim!” Decide convictamente, retorna o caminho já traçado, disfarça enquanto abaixa, pega a goiaba. Cheira a fruta, que tem o aroma agradável e convidativo das goiabas que comia na chácara da avó.

Passa por baixo da goiabeira sufocada pelo progresso, faz carinho em seu tronco, como sempre, e agradece o presente. Sai sorrindo, sentindo-se especial, e come a delícia quando chega ao trabalho. O dia parece que ficou melhor.

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